Desde então, Gingerich e um punhado de outros paleontólogos preenchem as lacunas da história das baleias primitivas, dente por dente, dedo por dedo. Para Gingerich, os primeiros cetáceos provavelmente se assemelhavam aos antracoterídeos, esguios animais vegetarianos parecidos com o hipopótamo, que viviam em terras baixas pantanosas no Eoceno. (Uma hipótese alternativa, proposta pelo paleontólogo Hans Thewissen, é a de que as baleias descendem de um animal similar ao Indohyus, um cervídeo artiodátilo do tamanho de um guaxinim e semiaquático.) Quaisquer que tenham sido o formato e o tamanho delas, as primeiras baleias surgiram há uns 55 milhões de anos, bem como todas as outras ordens modernas de mamíferos, durante um pico de elevação na temperatura global no início do Eoceno.
Esqueleto do Indohyus
© scienceblogs
Concepção artística do Indohyus
© Carl Buell
Elas viviam ao largo da margem oriental do oceano tétis, cujas águas exerciam forte influência evolutiva: eram quentes, salgadas, com abundante fauna marinha e não abrigavam dinossauros aquáticos, que haviam se extinguido 10 milhões de anos antes. Buscando novas fontes de alimento em profundidades maiores nesse ambiente marinho, esses chapinhadores primitivos aos poucos foram desenvolvendo focinho maior e dentes mais aguçados, de modo a facilitar a captura de peixes. Por volta de 50 milhões de anos atrás, eles haviam alcançado a etapa exemplificada do Pakicetus; animais de quatro pernas que nadavam com eficiência mas também se moviam em terra firme.
Ambulocetus
© Squidoo
Adaptando-se à água, as baleias primitivas puderam aproveitar um ambiente, inacessível à maioria dos outros mamíferos, rico em nutrientes e abrigos, e com poucos concorrentes e predadores - ou seja , dotado de condições ideias para um surto evolutivo. O que se seguiu foi uma explosão de experimentos idiossincráticos nas diversas formas de baleias, a maioria das quais extinta bem antes da época moderna. Entre elas, a volumosa Ambulocetus, com 752 quilos, uma caçadora com pernas atarracadas e maxilares enormes e ágeis, como um crocodilo peludo de água salgada; a Dalanistes, com pescoço longo e cabeça de garça; e a Makaracetus, com tromba musculosa, curta e encurvada, possivelmente adaptada ao consumo de moluscos. (...)
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