Outra pergunta é: Quem era o mais rápido? John Hutchinson poderia responder esta pergunta com base nos seus estudos sobre como os animais correm. Ele está estudando um avestruz que pode atingir mais de 60 km/h com suas pernas musculosas, mas, 1/3 da massa muscular do avestruz está concentrado nas coxas. Isso seria impossível ocorrer no T-rex já que os ossos não suportariam tamanha pressão. Com o comprimento das passadas certamente seria possível calcular a velocidade do T-rex, mas ai está o problema, já que, nenhuma passada de T-rex foi encontrada até hoje. Jim Farlow pode ajudar. Ele trabalha estudando pegadas de dinossauros, e ele têm algumas bem interessantes: Passadas de um Terópode, só que, muito menor que um T-rex. Calculando ele chega à conclusão de que o terrível lagarto poderia atingir até 60 km/h; seria bem impressionante ver um T-rex correndo a essa velocidade. Mas, e o Tricerátops? Levando em consideração de que ele tinha o seu peso bem distribuído pelo corpo e as patas traseiras maiores que as patas dianteiras, podemos dizer que ele não era muito rápido, pois essa desproporcionalidade nas suas patas impedia-o de ser rápido. Está na cara então que numa perseguição o T-rex levaria a melhor. Ou não? Correndo em linha reta certamente o Tricerátops seria apanhado, mas ele tinha uma carta na manga. O T-rex para dar uma curva teria que equilibrar seu corpo, já que possuía a cabeça muito grande, o seu peso era mal distribuído. Ele teria perder os dentes e diminuir o tamanho da cabeça para pode realizar curvas sem dificuldades, mas isso não seria preciso. Bastava apenas inclinar o pescoço para trás deixando-o em forma de “S” e tirar a cauda da horizontal, inclinando-a um pouco na diagonal. Mas ainda sim ele teria dificuldades, pois, se o Tricerátops fizesse uma curva suave ele seria pego, mas, se fizesse uma curva brusca e depois continuasse em zig-zag ele escaparia... E lá se vai um Tricerátops, diz o professor Scott Rogers.
Mas, se não houvesse para onde correr, como o Tricerátops poderia se defender? O especialista em chifres de Tricerátops, Andrew Farke, pode nos responder. “A primeira vista pode parecer que o Tricerátops atacava igual a um rinoceronte” diz Farke. Para saber, os especialistas em Biomecânica, Dave Payne e John Pennicott farão uma experiência inédita, até agora. Para isso eles usarão uma réplica da cabeça do Tricerátops seguindo fielmente traço por traço da sua anatomia. Primeiramente eles têm que encontrar um material com a mesma consistência do osso e depois construírem a réplica. O material é um sintético do silicone. Sua equipe então entra em ação e depois de duas semanas está tudo pronto para o experimento. Eles usarão para isso uma pista onde se testa carros, colocando a réplica da cabeça do Tricerátops para avançar a uma velocidade de 25 km/h, como estimou John Hutchinson, contra uma parede feita de alumínio e couro sintético, representando a consistência do corpo do T-rex. Com tudo pronto, o crânio começou a se dirigir contra a parede. A colisão revelou algo inesperado; o crânio se quebrou na parte mais frágil do focinho, provando que um ataque frontal com toda a força não iria só ferir o oponente como também mataria o Tricerátops. Voltando a estaca zero para saber como funcionava a defesa do réptil, eles se deparam com mais uma pergunta: Quem via quem primeiro?
Para responder a esta pergunta, recorremos à Kent Stevens, um especialista na visão dos animais. Ele está fazendo um estudo a laser dos olhos do Tricerátops e do T-rex. O T-rex tinha uma abertura ocular bem grande, o que significa que ele tinha uma ampla visão, característica típica de um predador. Kent explica que os olhos do Tiranossauro estavam numa posição que o colocava em vantagem sobre o Tricerátops, mais parecidos com os olhos de um lobo. Já o Tricerátops tinha os olhos nas laterais da cabeça, característica típica de animais que precisam estar sempre em alerta, porém, a enorme gola óssea proporcionava um ponto cego muito grande que o colocava em desvantagem em relação ao T-rex. Kent também explica que ele poderia compensar esse ponto cego parcialmente virando a cabeça para os lados de vez em quando.
Mas se o Tricerátops fosse atacado ainda sim ele teria de se defender; mas como? Andrew Farke analisou alguns fósseis de Tricerátops e tirou uma conclusão; ele encontrou marcas e furos nas proximidades dos olhos e na parte da gola, então ele concluiu que essas marcas foram feitas não pro um T-rex, mas sim de machos lutando ou por algum motivo, como fêmeas, território, ou até liderança do grupo. E percebeu que eles não usavam os chifres para colidir diretamente, e sim em um ângulo quase na diagonal perfurando assim o oponente. Então essa conclusão nos permite dizer que um Tricerátops poderia sim matar um T-rex perfurando locais vitais em seu corpo. Em base de tudo isso não poderia haver um vencedor certo, a questão seria: Quem errava primeiro? Se o T-rex errava um movimento poderia ser perfurado pelo Tricerátops e morrer, mas por outro lado se o Tricerátops errasse, certamente seria devorado pelo T-rex!